Trabalhador preso apenas po uma corda |
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as asas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa quer ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
Vinícius de Moraes em seu poema “Operário em construção” descreve a rotina de um operário alienado que produzia sem notar o que fazia. Quando este operário toma consciência do seu trabalho constata que ele produzia todas as coisas, inicia a partir desta consciência uma busca pela liberdade.
Poema este que cabe perfeitamente no nosso cotidiano. Quantas pessoas são alienadas pelo sistema capitalista que nem sequer dão conta da dimensão que seu trabalho resulta para a sociedade? É trabalho e mais trabalho tudo sem um propósito, não percebem que são sucumbidos pela supremacia do poder aquisitivo.
Se o trabalhador conseguisse adquirir a consciência de sua força de trabalho, perceberia que tudo é seu, todas as coisas são frutos de seu trabalho, de seu suor (lojas, roupas, a sociedade).
Porém, sair dessa alienação pode ser perigoso, pois, finalmente o trabalhador se daria conta de que é seu próprio escravo, escravo do seu trabalho.
Já imaginou como seria uma rebelião dos trabalhadores?
Não falo de greve, onde os trabalhadores brigam por salários e melhores condições, falo de rebelião onde o trabalhador buscaria uma liberdade, buscaria a conquista do que é seu, buscaria uma sociedade justa.
Justa; pois o que construiria seria seu de fato, não seria necessário pagar (quando o salário é suficiente) para utilizar o que construiu. Tudo bem, nada passa de uma utopia, mas sonhar, por enquanto, não paga nada.
Carla Barreto
Nenhum comentário:
Postar um comentário