domingo, 31 de outubro de 2010

Em busca da moradia

Viaduto Via Anchieta
O direito a moradia digna está previsto desde 1948 na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Na Constituição Federal este direito está previsto no artigo 6º, porém somente por meio de uma emenda de 2000, a habitação tornou-se direito do cidadão brasileiro. Ou seja, depois de 52 anos, todos os cidadãos brasileiros adquiriram o direito de ter um lugar limpo e seguro para ter como morada.
No papel tudo está maravilhoso, mas a realidade é bem diferente. Para ter moradia o cidadão necessita não apenas de uma casa, precisa ter infra-estrutura básica (água, esgoto, coleta de lixo...). Mas quantos e quantos brasileiros estão jogados a sua sorte, cada um por si e Deus por todos (se assim acreditar).
A imagem acima foi fotografada em um viaduto da via Anchieta, onde se pode notar que é, ou foi à casa de alguém, que segundo a Constituição, este alguém teria o direito a moradia digna, infelizmente nem todos são considerados cidadãos. Afinal de contas nesta nossa sociedade capitalista você vale o que você tem.
Gilberto Gil retrata muito bem esta situação na música “Nos Barracos da Cidade”, ele relata nos versos da música um conformismo com a situação da falta de moradia digna. Um conformismo tanto do cidadão, quanto dos governos que não fazem questão de mudar está situação, por interesses maiores.
“Nos barracos da cidade,
Ninguém mais tem ilusão
No poder da autoridade
De tomar a decisão
E o poder da autoridade,
se pode,não faz questão
Mas se faz questão, não
Consegue
Enfrentar o tubarão” 
                                         (GILBERTO GIL)
Mas vamos continuando buscando uma redenção afinal ordem e progresso pode ser a solução.
Carla Barreto

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

São Paulo... um preço a ser pago

wikipedia.org/wiki/Avenida_Paulista

Enorme! Multicolorido! Lugar encantador!
Ora pelo seu tamanho, outrora pelo que se pode alcançar aqui.
Ao chegarmos nos enchemos de esperança. Esperança de uma nova vida, de um novo recomeço.
Os sonhos em alguns momentos nos parecem tão próximos que basta esticarmos as mãos para que possamos alcançá-los.
...Um carro novo, a tão sonhada casa própria, o sonho de se formar e deixar de ser apenas mais um no mundo. Tem também aquele desejo quase incontrolável de mudar a vida daqueles que amamos e que deixamos longe.
Mas, de repente, quando tudo deixa de ser novidade e as luzes se apagam, vem à melancolia.

planetasp.blogspot.com

A prisão de viver numa cidade tão grande como São Paulo, aonde as pessoas correm tanto para ganhar dinheiro, corre para não perderem a hora, correm para superarem umas as outras.

Tantas lutas, tantas lágrimas para se manter de pé, que às vezes sentimos que as forças vão se esvaindo.
E só nos damos conta disso, quando nos invade a saudade, aquela saudade sem tamanho.
E já não importa mais tantas tecnologias. Os sonhos começam a  tornar-se vagos demais, fazendo com que nos tornemos escravos de nós mesmos. E o que mais se quer é voltar para o lugar de onde saímos. Seja lá do interior de Goiás, ou da Bahia, lá de Minas, ou bem pra lá do Pará.
Onde somos felizes com pouco...
Onde as famílias ainda se reúnem na hora do jantar, e também nas datas comemorativas.
Onde a benção ainda é importante, onde o dinheiro serve apenas para o necessário.
Por mais encantador que seja viver em São Paulo, por maior que consigamos ser, nada e ninguém nos tira a essência.
Carregamos conosco aqueles que amamos e nos final das contas é isso que nos fortalece, e o sonho que prevalece agora não é mais o de conquistar todas as coisas, porque depois de um tempo as coisas se tornam obvias demais, já provamos pra nós mesmos que podemos ir mais além. E o que permanece dentro de cada um é a vontade de voltar para os seus.
Voltar para sua simplicidade e perceber que quanto mais crescemos, mais nos preparamos para o que é verdadeiro.
São Paulo terra acolhedora, lugar de muitas etnias. Paulistanos encantadores.
Mas dizem que onde está o nosso coração, está então o nosso tesouro. 
E o meu tesouro está aqui...

ITUMBIARA-GO / Arquivo Pessoal

Por Rilane Alves


Raul Seixas -  Ouro de Tolo


PALPEBRAS

foto de Sebastião Salgado
No mundo você vale o que tem. O cidadão é visto de diversas maneira e com olhares sempre distintos uns dos outros e claro, dependendo muito do que você oferecer à esse mundo. Mas como estes olhos podem ser tão diferentes se a sua forma é a mesma? O que altera é a cor, a maquiagem que você quis usar, o tamanho (comparando com o de japonês), um óculos que você utilizar; é somente esse aparato em volta que faz a diferença visual, o que estes olhos vêem e quer falar só o corpo interno sente e transmite a verdade deste sentimento através do gesto, de um feito bom ou ruim dirigido a alguém. Estas sensações estão dentro de cada um, é individual e só você terá o domínio e saberá até onde vai chegar.
Os olhos da sociedade é que impõe o seu ritmo, você caminha conforme a maioria, pois é pouco quem ditam as regras e que mostra o que você vai comer hoje no jantar, se tiver, ou quem vai te fazer feliz com as doações de roupas dadas por aquela igreja na esquina.
Por isso, é favorável dormir, fechar os olhos, tentar sonhar. Sonhar não paga. Você viaja, pode entrar em qualquer lugar sem ser barrado ou mal visto, você pode ter outra vida “aquela que pediu a Deus” e ter vários momentos de felicidades.
“Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso”. Bertold Brecht
Por Rose

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Lazer em São Paulo

 

Texto Fernando Pessoa/Arquivo Pessoal

Sabe-se que São Paulo é a capital da cultura e do lazer. Há neste espaço pontos turísticos como o Museu da Língua Portuguesa, Museu da Arte de São Paulo (MASP), Museu da Arte Moderna (MAM), Parque do Ibirapuera, Teatro Municipal, Centro Cultura de São Paulo, enfim, diversas opções para o aumento do conhecimento cultural e do lazer.Porém poucos têm acesso a esta diversidade cultural.
Milton Santos no livro O Espaço do Cidadão, pag. 90, relata que “Um resultado da planificação urbana capitalista combinada com processo especulativo do mercado é a distribuição desigual dos equipamentos educacionais e de lazer”, esta afirmação fica explicita se fizermos uma análise onde estão localizados os fixos de lazer (museus,  teatros, parques ...). Fica comprovado que estão concentrados no Centro Histórico e no Centro Expandido de São Paulo, ou seja, quem não reside próximo da região central deve-se deslocar-se para ter acesso ao conhecimento e diversidade cultural.

“Como certas áreas não dispõe de certos bens e serviços, somente aqueles que podem se deslocar até os lugares onde tais bens e serviços se encontram tem condições de consumi-las” (Milton Santos, 1987). Sendo assim a maioria da população de São Paulo não tem acesso a diferentes tipos de expressões artísticas, acabam isolados do que é seu por direito, muitas vezes não tem acesso à saúde e educação, imagine ao lazer.
Infelizmente temos mais uma confirmação de que os fixos (áreas de serviços públicos) estão cada vez mais longe dos fluxos (os cidadãos). Quantos nunca tiveram a oportunidade de visitar um museu? De vivenciar a arte, de sentar no Ibirapuera e relaxar?
O lazer em São Paulo esta restrito na maioria das vezes as pessoas que tem uma condição financeira favorável, podendo assim deslocar-se até os fixos, para aprimorar o seu apetite intelectual. Enquanto isso, os desprovidos financeiramente continuam a mercê do que não lhes são acessíveis.
Carla Barreto

domingo, 24 de outubro de 2010

Outro ponto de vista

Dona Jovita, 76 anos

Tantos têm uma visão que São Paulo é o único lugar do Brasil onde é possível conseguir alguma coisa. Uma visão de trabalho, de conquistas, o Estado das riquezas, uma visão capitalista.
Quantos migram para São Paulo com a ilusão de conseguir “vencer na vida”. Basta ir a Rodoviária do Tietê e ver quantos olhares perdidos buscando aqui alcançar os sonhos por muitas vezes esquecidos.
São famílias e famílias carregando na bagagem a esperança de uma nova vida. Talvez seja por isso que ao conversar com a dona Jovita, 76 anos, vinda do Maranhão apenas para uma breve visita, nos encanta a maneira que resume São Paulo, “Isso aqui é lugar de doido! Na hora de dormir acordam para trabalhar. Faz frio, faz calor tudo para atrapalhar. Nunca viria morar aqui, vocês não param. Na verdade o dia é muito pouco para tantos afazeres. Prefiro o meu cantinho, onde posso parar e ver o tempo passar.”
Será isso uma verdade? Quantos aqui podem se dar o luxo de parar para ver a vida passar? Parar para enxergar o que nos cerca, parar para ver com outros olhos as pessoas que convivem conosco no trabalho, na faculdade, até mesmo nas nossas casas. Acabamos sendo sucumbidos pela falta de tempo que o sistema capitalista nos obriga. Temos sempre a obrigação de conseguir mais e mais.
São Paulo não para, não para! Se um dia parar, onde será que vai parar?
                                                                                                              Por Carla Nascimento

sábado, 23 de outubro de 2010

Bezerra da Silva - Vítima da Sociedade


Se vocês estão a fim de prender o ladrão
Podem voltar pelo mesmo caminho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho
Só porque moro no morro
A minha miséria a vocês despertou
A verdade é que vivo com fome
Nunca roubei ninguém, sou um trabalhador
Se há um assalto à banco
Como não podem prender o poderoso chefão
Aí os jornais vêm logo dizendo que aqui no morro só mora ladrão
Se vocês estão a fim de prender o ladrão
Podem voltar pelo mesmo caminho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho
O ladrão está escondido lá embaixo
Atrás da gravata e do colarinho.

Bezerra retrata perfeitamente o que muitas pessoas tentam maquiar, a descriminação escancarada de uma população submissa a desclassificação da classe social  dos menos favorecidos.
Por Janaína Almeida

                              
Sociedade Cruel


Fortaleza Ceara 1983/ por Sebastião Salgado
 
Vejo a insanidade de um povo que não enxerga o sujeito, a desigualdade humana é o fiasco desta sociedade capitalista que nos rodeia e que historicamente traz a essência da exploração, do maltrato, do descaso e da desumanização do ser, que se vê preso a esta realidade degradante.
Diante de tantos outros motivos e da existência efetiva da desistência humana, me torno fraca e sem coragem o suficiente para abrir a minha boca, e dizer em alto e bom tom, tudo o que esta trancafiado no âmago do meu ser, e então faço o que se torna mais comum a grande parte das pessoas que é: ver, ouvir, calar e por vezes consentir com esta tragédia da vida humana, que passa a ser comum as nossas vidas.
E direi deste infame pensamento que me atormenta e me revolta,que já passou da hora de eu ver, ouvir, criticar, me revoltar, falar e não calar diante da injustiça que assola o mundo e quem sabe começar a fazer a diferença.
Por: Janaina Almeida 

Criança/ por Sebastião Salgado.




domingo, 17 de outubro de 2010

Poluição do Espaço ou Poluição da Mente?


Isso não é poluição?
Moradores passam despercebidos pelo lixo
São Paulo é a sexta maior cidade do planeta, a cidade é mundialmente conhecida e exerce significativa influência nacional e internacional, seja do ponto de vista cultural, econômico ou político. Um lugar cheio de diversidades culturais.
Uma cidade vista por muitos como oportunidades  para mudar de vida, conhecida como o lugar das oportunidades.
Mas também uma cidade largada ao descaso, tão preocupada com a urbanização, tão voltada para os interesses do mercado que tem esquecido de cuidar da sua educação ambiental.Não basta ter uma lei de cidade limpa só visando o grande pólo, porque a poluição existente na cidade não é apenas visual, e também não é só São Paulo que necessita de cuidados, e as grandes periferias? E as cidades aos arredores?

Bueiros 

São Paulo sofre com a poluição do ar, devido o grande numero de automóveis que circulam todos os dias pelas ruas. Além disso, sofre também com a poluição concentrada em seus dois principais rios, Tiete e o Rio Pinheiros, que estão altamente poluídos. O Tietê passa por um programa de despoluição que já dura alguns anos. Se não bastasse isso a cidade também sofre com a grande quantidade de lixo que produzimos diariamente. É estimado que apenas parte desse lixo seja coletada, a outra metade é encaminhada para os locais adequados.


Comércio em  Santo Amaro



Devido à grande quantidade de lixo jogados nas ruas são inúmeros bueiros que entopem sempre que cai uma chuva, causando assim as terríveis enchentes. Causando doenças, destruição de casas, carros, e o principal causando mortes.
A desculpa das comunidades carentes é a falta de coleta de lixo, mas qual será a desculpa dos grandes centros urbanos? Onde existe a coleta de lixo diariamente, sem contar dos inúmeros garis que trafegam todos os dias limpando e retirando o lixo das ruas. Será descaso dos governantes ou simplesmente falta de uma mudança de atitude de cada um?

Proibido Jogar Entulho


Por Rilane Alves

sábado, 16 de outubro de 2010

Múltiplos olhares, regionalidade, identidade e cultura.


 Indiazinha brincando para a lente fotográfica.
 UM POUCO DE HISTÓRIA DA TRIBO INDÍGENA KRUKUTU.


Situada no extremo sul de São Paulo, no bairro de Parelheiros, na região da represa Billings, se encontra a aldeia indígena da tribo Krukutu. 

Esta família Guarani se fixou nesta região, na década de 1950, vindos de Mangueirinha no Paraná, passando por Itariri em Santos e Rio Silveira e São Sebastião.
Chegaram ali por meio de um convite feito por um sitiante Japonês chamado Kugo Igo, que teve contato com a família dos karai Roka Ju na ponte do Socorro onde estavam tentando vender seus artesanatos.
O sitiante os convidou para se instalarem nas terras, em troca os , índios os ajudariam na plantação de mandioquinha que ele cultivava para depois vender.
Kugo Igo então resolveu se mudar para o Japão, deixando as terras para o líder da aldeia Eduardo Martins Karai Roka Ju, mais tarde substituído por seu filho Nivaldo Martins Roka Ju
 o qual tivemos a oportunidade de conhecer e conversar.
Nesta época a região era usada para a caça e para extrair material utilizado para o artesanato e suas casas.

Morada Indígena Krukutu.

Porém, não foi simples a estada dos indígenas nestas terras, pois mesmo em posse da documentação do terreno , enfrentaram grandes dificuldades para que enfim regularizassem a tekoa, isto só  foi possível em 1987 após 17 anos com a luta na justiça enfrentada pelos caciques Guaranis do estado de São Paulo para terem suas terras reconhecidas.
Hoje em dia com o crescimento desordenado da região fica difícil manter o modo de vida tradicional dos Guaranis. 
A aldeia Krukutu hoje é vizinha dos Tenonde Porã ou da Barragem. Em 2001a associação Guarani Nhe'ê porã foi legalizada com a intenção de organizar projetos para os moradores e auxiliar o cacique na procura de utilizá-la como ferramenta para enfrentar o mundo moderno que os rodeiam.
Janaína Almeida