Mapa da entrada da aldeia |
Além da permissão de visita precisaríamos da companhia de pessoas que conhecem e estão constantemente em contato com esta área, para tanto contamos com a colaboração da Guarda Ambiental de São Bernardo do Campo, que nos conduziu até a aldeia.
Muitas expectativas foram criadas, todas nós tivemos contato com índios através de materiais didáticos que dizem de forma errônea que são povos que foram colonizados na época do descobrimento e que, portanto vivem distante da realidade desta sociedade.
Os índios sempre foram ícones importantes mostrados nos livros, vivem da pesca, caça e se alimentam do que plantam, moram em ocas desprovidas de tecnologia, vivem na mata com arco e flecha em punho.
Parte de nosso caminho. |
Enfim nossa visita aconteceu em um domingo nublado, carro na estrada e seguimos nosso caminho, atravessamos a balsa, e o percurso foi longo até Parelheiros em meio a estrada de terra e lama.
Estávamos ansiosas e muitas questões foram surgindo sobre o que encontraríamos e como esses índios vivem longe da população? Teríamos contato com eles de perto? Como seriamos recebidas? O que mudou ou o que ainda permanece durante todos esses anos, tantas questões a serem respondidas com a chegada ao nosso destino.
Parelheiros está situada na área 69 deste mapa, Região Zona Sul |
Para nós foi uma oportunidade única de por algumas horas estarmos próximas desta comunidade, destas figuras históricas.
Ao nos aproximarmos da aldeia paramos alguns instantes e nos deparamos com um cemitério indígena, fato que nos deixou apreensivas, pois não é comum ver de perto covas tão rasas, junto a elas havia apenas os pertences que foram importantes enquanto tiveram vida, era de uma simplicidade ver aqueles pertences, porque isso não faz parte de nossa cultura, são costumes pouco peculiares as nossas vistas.
Cemitério Indígena, solo sagrado. |
Continuando nosso caminho, em pouco tempo chegamos à aldeia, reparamos tudo a nossa volta, ficamos perplexas com a estrutura existente ali, o que já rompia com nosso imaginário. Encontramos uma família indígena conversando em uma língua desconhecida parecendo estarem falando de nós. Foi então que um senhor se manifestou e veio nos receber, se apresentando como o Pajé Pedrinho (Vulgo Wera) da Aldeia Krucutu, que entre uma conversa e outra, ficamos sabendo que aquele dialeto utilizado por eles era tupi-guarani que ainda se mantém vivo em suas linguagens. Estávamos surpresas por conversar com o pajé com seus 90 anos de idade e aparentando ter bem menos, usando jeans, tênis e fumando um cachimbo. Pensamos e os arcos e flechas? E o cocar? Todo mundo vestido? E o que mais encontraríamos?
Nossos amigos Indígenas. |
Foi então que o Pajé nos apresentou o Cacique Nivaldo Martins (Roka Ju), que nos apresentou toda a aldeia, e nos explicou o significado de Krucutu que significa “Cravado na Terra”, pois eles vieram da cidade de Paraná em busca de cravar suas culturas aqui em São Paulo. O Cacique nos levou até a UBS que por sinal está em ótimo estado e curiosamente é gerenciado por eles mesmos, tem também a escola CECI - Centro de Educação e Cultura Indígena. Vimos também um grande campo de futebol entre tantas outras coisas necessárias para esta comunidade.
Escola da aldeia |
Mas com o crescimento da população a área onde vivem começa diminuir e com isso surgem as dificuldades de manterem vivas suas tradições, para tanto surgiu à necessidade de fundar uma associação Guarani, com a intenção de organizar, melhorar e manter suas identidades e ajudar as famílias indígenas, onde com muita luta conseguiram alcançar muitos objetivos importantes para a sustentabilidade da aldeia.
Para nós foi de extrema importância ter estado na aldeia Krucutu, pois tivemos a possibilidade de expandir nossos conhecimentos e romper com nossa visão equivocada que a maior parte das pessoas tem ao falarem dos índios.
Morada Krukutu. |
A luta é constante para que suas culturas perdurem por varias gerações, pois quantas aldeias, tradições e linguagens hoje já não existem mais. Para tanto também contam com a presença de meios de comunicação e tecnologia que já estão presentes nas aldeias, outro fato que nos surpreendeu, porem aprendemos que a população indígena não deve estar distante desta realidade o fato de estarem se comunicando através de outras redes favorece a interação social, a valorização de seus espaços e não permite que fiquem parados no tempo esperando serem engolidos pelo progresso.
UBS da aldeia. |
Por Janaina e Rilane
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