quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Capitalismo, Desigualdade e Cidadania


Correndo contra o tempo


O espaço do cidadão livro de Milton Santos nos faz refletir sobre o nosso papel na sociedade. Traz como referência algumas palavras chaves: capitalismo, desigualdade  e cidadania. Esclarece-nos que somos cidadãos em busca de conquistas, por muitas vezes financeiras, não percebendo que somos submergidos pelo sistema capitalista, haverá sempre uma desigualdade e com desigualdades não é possível ter uma cidadania (direitos iguais para todos).
Ao iniciar a leitura do livro nos deparamos logo com a seguinte pergunta – Há cidadãos neste país? (pág. 7) - Esta pergunta por si só já nos leva a uma reflexão, será que realmente somos cidadãos ou estamos apenas inseridos em uma sociedade sem saber o nosso verdadeiro papel? São tantos direitos assegurados pela Constituição que por muitas vezes não passa do papel. São direitos menosprezados pelo Estado e esquecidos por nós “cidadãos”.
Fazemos uma releitura do nosso Brasil, onde a burocracia predomina todos os eixos da nossa sociedade. Santos vai descrevendo no decorrer das páginas as desigualdades que ocorrem no sistema burocrático para favorecer o bem estar ou ganho de determinada pessoa ou grupo social. Na página 20 o autor nos remete a um novo questionamento “Quantos valendo-se de uma simples decisão do Conselho Monetário Nacional, enriquecem de uma noite para o dia?, aumentando assim a desigualdade e não apenas social, mas também no campo da cultural, da política, do patrimônio material e imaterial.
Como em pleno século XXI, a nossa sociedade pode está caracterizada pela falta de energia elétrica aos “cidadãos” que moram na zona rural, com a desculpa do Estado de falta de recursos, são negados também a estes “cidadãos” saúde, educação, água e só para lembrar serviços que são essenciais para que uma pessoa viva com dignidade.
A cidadania é a busca do individuo pela consagração nesta sociedade capitalista, buscada para alcançar méritos em todos os espaços da sociedade, “... pois é a partir das conquistas obtidas que ele permanecerá alerta para garantir e ampliar cada vez mais sua cidadania” (SANTOS, pág. 80). O mais interessante é que o valor desse individuo cidadão se dá pelo espaço onde ele está inserido.
Os espaços são “testemunhas” das relações sociais, e este espaço é moldado a partir dos interesses do Capital, pois o sistema capitalista não foi criado para enriquecer a todos, para ter lucro alguém tem que empobrecer e ser explorada sua força de trabalho. Santos relata que o valor do homem depende do lugar onde esta inserido, depende da sua localização no território.
Ainda nos remete a refletir que pessoas com a mesma formação, mesmo salário tem valores diferente dependendo do lugar onde vivem. E quanto mais pobre for esta pessoa, mais desprovida estará de oportunidades de serviços públicos, com certeza residirá nos extremos das grandes cidades, não podendo assim ter a oportunidade de usufruir de alguns recursos públicos.
Santos afirma na pág. 90 que “... quanto mais longe dos centros do poder, mais difícil é ouvir a própria voz”, ou seja, esta parcela da população que vive no extremo da pobreza não conhece os seus direitos e se conhecem não sabem usá-lo. Submetem-se a salários de fome para poderem sobreviver, são salários indecentes, com isso, este individuo não é tratado como um verdadeiro cidadão pela sociedade. Mais uma vez sendo revelado a desigualdade presente na sociedade capitalista.
Estes indivíduos são personagens de uma história sem cidadania, estão locados em um espaço, mas não tem condições de usufruir este espaço, somente utiliza parcialmente por não ter condições financeiras para tal ação.
Milton Santos relata claramente no livro O Espaço do Cidadão que as desigualdades são por muitas vezes territoriais, pois deriva do lugar onde cada um se encontra (pág. 123). Sendo assim, para uma cidadania plena devemos tratar cada individuo como cidadão e não como um lugar. Cidadãos que devem ser respeitados como pessoas e não como um objeto.
                                                                     Por Carla Nascimento

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