terça-feira, 23 de novembro de 2010

Saudade de Minha Terra


De que me adianta, viver na cidade,
Se a felicidade não me acompanhar.
Adeus paulistinha do meu coração,
Lá pro meu sertão eu quero voltar.
Ver na madrugada, quando a passarada,
Fazendo alvorada, começa a cantar,
Com satisfação, arreio o burrão,
Cortando o estradão, saio a galopar;
E vou escutando o gado berrando,
Sabiá cantando no jequitibá.

Por Nossa Senhora, meu sertão querido,
Vivo arrependido por ter te deixado;
Esta nova vida, aqui na cidade,
De tanta saudade eu tenho chorado,
Aqui tem alguém, diz que me quer bem,
Mas não me convém, eu tenho pensado,
Eu fico com pena, mas esta morena,
Não sabe o sistema em que fui criado.
Tô aqui cantando, de longe escutando,
Alguém está chorando com o rádio ligado.

Que saudade imensa, do campo e do mato,
Do manso regato que corta as campinas,
Aos domingos ia, passear de canoa,
Na linda lagoa de águas cristalinas;
Que doce lembrança, daquelas festanças,
Onde tinha danças e lindas meninas,
Eu vivo hoje em dia, sem ter alegria,
O mundo judia mas também ensina.
Estou contrariado mas não derrotado,
Eu sou bem guiado pelas mãos divinas.

Pra minha mãezinha, já telegrafei,
Que já me cansei de tanto sofrer;
Nesta madrugada estarei de partida,
Pra terra querida que me viu nascer;
Já ouço sonhando, o galo cantando,
O inhambu piando no escurecer,
A lua prateada, clareando as estradas,
A relva molhada desde o anoitecer.
Eu preciso ir, pra ver tudo alí,
Foi lá que nasci, lá quero morrer.

Linda composição de Goiá, relata a angústia e a tristeza do migrante sertanejo .

Esta música nos faz pensar se realmente migrando para as grandes cidades encontramos oportunidade e garantia de realização e de satisfação com nossas escolhas.
Muitos são os individuos que partem em busca de garantia e melhora de vida, mas na maioria das vezes acabam se deparando com outra realidade que lhes causam desapontamento e sofrimento.
Ao chegarem nestas regiões se deparam com o descaso, com a fome, com o desemprego e muitos acabam tendo que morar nas ruas e se arrependem amargamente de terem partido de suas regiões de origem, o mais doloroso é que muitas vezes a volta se torna impossível pois se já eram pobres, nas grandes cidades se tornam miseráveis, vítimas da ilusão.
A luta é grande pela sobrevivência e com alguma chance este quadro pode ser mudado.

Por: Janaina

Krukutu nova concepção de futuro



Mapa da entrada da aldeia
No inicio quando  nos foi proposto à criação deste blog falando de fatos da regionalidade, identidade e cultura, foi cogitado a possibilidade de visitarmos uma aldeia indígena, onde já era de conhecimento de uma de nossas amigas de grupo, como faríamos? De que precisaríamos? Então analisamos as possibilidades e decidimos ir.

Além da permissão de visita precisaríamos da companhia de pessoas que conhecem e estão constantemente em contato com esta área, para tanto contamos com a colaboração da Guarda Ambiental de São Bernardo do Campo, que nos conduziu até a aldeia.

Muitas expectativas foram criadas, todas nós tivemos contato com índios através de materiais didáticos que dizem de forma errônea que são povos que foram colonizados na época do descobrimento e que, portanto vivem distante da realidade desta sociedade.

Os índios sempre foram ícones importantes mostrados nos livros, vivem da pesca, caça e se alimentam do que plantam, moram em ocas desprovidas de tecnologia, vivem na mata com arco e flecha em punho.
Parte de nosso caminho.

Enfim nossa visita aconteceu em um domingo nublado, carro na estrada e seguimos nosso caminho, atravessamos a balsa, e o percurso foi longo até Parelheiros em meio a estrada de terra e lama.

Estávamos ansiosas e muitas questões foram surgindo sobre o que encontraríamos e como esses índios vivem longe da população? Teríamos contato com eles de perto? Como seriamos recebidas? O que mudou ou o que ainda permanece durante todos esses anos, tantas questões a serem respondidas com a chegada ao nosso destino.


Parelheiros está situada na área 69 deste mapa, Região Zona Sul


Para nós foi uma oportunidade única de por algumas horas estarmos próximas desta comunidade, destas figuras históricas.
Ao nos aproximarmos da aldeia paramos alguns instantes e nos deparamos com um cemitério indígena, fato que nos deixou apreensivas, pois não é comum ver de perto covas tão rasas, junto a elas havia apenas os pertences que foram importantes enquanto tiveram vida, era de uma simplicidade ver aqueles pertences, porque isso não faz parte de nossa cultura, são costumes pouco peculiares as nossas vistas.


Cemitério Indígena, solo sagrado.

Continuando nosso caminho, em pouco tempo chegamos à aldeia, reparamos tudo a nossa volta, ficamos perplexas com a estrutura existente ali, o que já rompia com nosso imaginário. Encontramos uma família indígena conversando em uma língua desconhecida parecendo estarem falando de nós. Foi então que um senhor se manifestou e veio nos receber, se apresentando como o Pajé Pedrinho (Vulgo Wera) da Aldeia Krucutu, que entre uma conversa e outra, ficamos sabendo que aquele dialeto utilizado por eles era tupi-guarani que ainda se mantém vivo em suas linguagens. Estávamos surpresas por conversar com o pajé com seus 90 anos de idade e aparentando ter bem menos, usando jeans, tênis e fumando um cachimbo. Pensamos e os arcos e flechas? E o cocar? Todo mundo vestido? E o que mais encontraríamos?

Nossos amigos Indígenas.

Foi então que o Pajé nos apresentou o Cacique Nivaldo Martins (Roka Ju), que nos apresentou toda a aldeia, e nos explicou o significado de Krucutu que significa “Cravado na Terra”, pois eles vieram da cidade de Paraná em busca de cravar suas culturas aqui em São Paulo. O Cacique nos levou até a UBS que por sinal está em ótimo estado e curiosamente é gerenciado por eles mesmos, tem também a  escola  CECI - Centro de Educação e Cultura Indígena. Vimos também um grande campo de futebol entre tantas outras coisas necessárias para esta comunidade.
Escola da aldeia

Mas com o crescimento da população a área onde vivem começa diminuir e com isso surgem as dificuldades de manterem vivas suas tradições, para tanto surgiu à necessidade de fundar uma associação Guarani, com a intenção de organizar, melhorar e manter suas identidades e ajudar as famílias indígenas, onde com muita luta conseguiram alcançar muitos objetivos importantes para a sustentabilidade da aldeia.


Morada Krukutu.
Para nós foi de extrema importância ter estado na aldeia Krucutu, pois tivemos a possibilidade de expandir nossos conhecimentos e romper com nossa visão equivocada que a maior parte das pessoas tem ao falarem dos índios.
A luta é constante para que suas culturas perdurem por varias gerações, pois quantas aldeias, tradições e linguagens hoje já não existem mais. Para tanto também contam com a presença de meios de comunicação e tecnologia que já estão presentes nas aldeias, outro fato que nos surpreendeu, porem aprendemos que a população indígena não deve estar distante desta realidade o fato de estarem se comunicando através de outras redes favorece a interação social, a valorização de seus espaços e não permite que fiquem parados no tempo esperando serem engolidos pelo progresso.

UBS da aldeia.

Campinho de futebol.



Cacique Roka Ju 

                                                                                                          Por Janaina e Rilane

A presença cultural como fato gerador de mudança

                                                    
A carência de cultura dentre outros fatores importantes, acarreta na formação da cidadania, da conscientização e na falta de um olhar mais abrangente voltado as comunidades carentes de todo Brasil.

A população menos favorecidas prioritariamente necessita de contato com o teatro, com a dança como forma de ampliação da visão voltadas as linguagens diversificadas, principalmente ligada as culturas brasileiras que misturam crenças e ritmos,

A obtenção destes recursos também é uma maneira de nova oportunidade atrativa que não seja as drogas,e os meios obscuros que acham mais viáveis a sua alto destruição, porem entre tantas comunidades, tivemos a oportunidade de presenciar um interatividade teatral trazida ao bairro Jardim Calux por meio da prefeitura de São Bernardo,espetáculo propiciado pela Cia Baitaclã apresentando o Anuário Imaginário,interpretação feita por meio de músicas e histórias onde o calendário é o intermediador levando o espectador a vivenciar a diversificada cultura popular Brasileira.

Suas apresentações são descontraídas, interativas buscando comunicação e participação do meio, com apresentações em espaços alternativos.
O fato é que as pessoas aos poucos foram chegando e participando deste descontraído dia de Domingo, esta apresentação cultural é pouco ou nunca presenciado nas comunidades e quando surge passa despercebido pela população, pois não é comum e freqüente.

Cultura , diversidade e entretenimento devem fazer parte do nosso cotidiano seja nas escolas, nas ruas em todos os pontos acessíveis a população, deve ser comum e fazer parte das descobertas de nossas vidas e servir de influencia para nosso crescimento como sujeitos de transformação

       

Esta apresentação aconteceu em São Paulo, porém no Bairro Calux foi igualmente filmado, mas não houve exito ao inserir nossa gravação em  nosso  blog.
Por: Janaina

Ficou curioso acesse: baitacla.multiply.com  e saiba mais.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

"BRASIL": Sinônimo de diversidade cultural!

No Brasil, mais que em qualquer outra nação, as pessoas são levadas a conviver diariamente com a diversidade. E que diversidade! Tal diversidade deveria ser motivo de orgulho para a nação brasileira, aqui o diferente convive com harmonia, lado a lado, uma convivência saudável, exatamente por ter o reconhecimento, respeito e singularidade pelo diferente e o diverso
Porém fala -se muito sobre nossas riquezas naturais e pouco se ouve falar sobre nossas preciosidades culturais que encontra- se nos diferentes segmentos da nossa cultura como, por exemplo, na música, religião e literatura.

Como no fragmento da estrofe da canção "Meninas do Brasil", música de Moraes Moreira e letra de Fausto Nilo diz:
“Deus me faça brasileiro

criador e criatura

um documento da raça

pela graça da mistura”


Por isso que a mistura,aqui,é realmente “Graça”,como diz a canção.Graça pela característica bela do povo brasileiro e graça pela a dádiva que foi concebida a nação brasileira que a torna única diante das outras 
nações

Por Débora Martins.

sábado, 20 de novembro de 2010

Dia Nacional da Consciência Negra


Construímos juntos

Em de 20 de novembro de 1695 morreu Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares. Esta data foi escolhida pelo projeto lei número 10.639, no dia 9 de janeiro de 2003 como o Dia Nacional da Consciência Negra.
Zumbi é um dos poucos personagens negros que a história brasileira relata, ele representou a luta do negro contra a escravidão, morrendo em combate, defendendo seu povo e sua comunidade, lutava para manter sua cultura. Infelizmente há um culto na história brasileira de que apenas os brancos participaram da construção da cultura brasileira. .
O Dia da Consciência Negra é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira, a valorização da cultura. A data também é importante, pois serve como um momento de conscientização e reflexão, na luta contra o preconceito. Infelizmente em pleno século XXI há uma desigualdade grande em relação aos negros no mercado de trabalho.
As pessoas ainda julgam a cor da pele pelo grau de instrução, muitas vezes não dando oportunidade para o mais capacitado pelo fato de ser negro. Não basta apenas um dia para a valorização dos negros, da cultura e da nossa história, é necessário ter uma consciência dessa realidade, todos os dias, abrir os olhos para as desigualdades e preconceitos que acontecem na sociedade.
Afinal, o Brasil é construído por diversas etnias, culturas e crenças, devemos lutar todos pela igualdade plena, quem sabe um dia este sonho irá tornar-se realidade. O importante é ter a conscientização que todos os dias os negros, os brancos e os índios devem lutar por seus direitos.
Carla Barreto

Existe vida após a morte?

SIM! E eu sou prova viva disso. E este texto não trata de religião, crenças ou qualquer coisa parecida. Trata-se apenas de uma cidadã que sentiu na pele o descaso da saúde pública.
Enquanto políticos como Romeu Tuma que recebeu um coração artificial no valor de R$700 mil reais, tudo pago com verba do senado federal (ou seja, dinheiro público), pessoas como eu e você se quer recebem um tratamento no mínimo digno para um ser humano.
Fui vítima de um acidente de trânsito quando saía do trabalho e não tive o tratamento que esperava, fui encaminhada ao Pronto Socorro, como não tinha nada aparentemente quebrado e nem tão pouco sangue, apresentava inchaço no ombro e na perna, o médico afirmou que tinha sido apenas um susto, não solicitando nenhum exame. Fez apenas seu relatório atestando lesões leves, nada de raios-X, nada de exame.
Até ai tudo “normal”, mas o que o médico escreveu na guia de atendimento foi surpreendente. Quando já estava fora do Pronto Socorro resolvi ler o relatório, pois no dia seguinte teria que realizar novo exame, pois o acidente foi no deslocamento para minha residência, caracterizando assim acidente de percurso. Foi quando notei que no campo onde constava o motivo do atendimento, o médico preencheu “Óbito”.
É isso ai, eu não disse que existe vida após a morte? Porque além de me matarem, eu ainda assinei meu próprio óbito por estar atordoada e não ter notado tamanho erro.
Se não bastasse no dia seguinte passei por outro médico, e este mesmo relatório deve ter passado por no mínimo cinco pessoas, mas ninguém nem notou se tratar de óbito como motivo do atendimento.
Além de ter sofrido o acidente, sofri ainda na pela o descaso, me senti invisível perante a sociedade. Esta situação que vivenciei serviu para realizar uma reflexão sobre a invisibilidade social. Estou presente numa sociedade, porém não vivo na sociedade, sou apenas um objeto que faz parte do meio.
A indiferença que trataram o meu caso foi surpreendente, não pela falta de exame ou medicação, mas um incômodo com o fato de ter um documento público em mãos onde estava escrito o meu óbito ter passado por diversos órgãos públicos sem ser questionado.
Agora estou em dúvida será que realmente existo? Estou em uma situação de conflito pela qual Descartes passou, “Cogito, ergo sum” que significa "penso, logo existo". Mas será que apenas o fato de pensar, funciona para eu poder existir nesta sociedade capitalista?




Óbito?


Por Rilane Alves

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O povo da periferia - ndee Naldinho



 "Causa até aflição se deparar com tanta desigualdade e injustiça neste país.  O   lamento  da   letra  desta   música, em forma de desabafo e oração, me faz sentir isso. Vindo, com certeza, de quem viveu a realidade de ser pobre e de entender o que é morar aglomerado.
Muitos gostariam de falar, de gritar, de expor seus sentimentos para que alguém ouvisse e desse um jeito! Ouvir e viver este tipo de lamento é para muitos, porém, nas mãos de poucos está o poder de mudar essa realidade aflorada."

Por: Rosegiane Cardoso